sábado, 26 de outubro de 2013

PÁGINA DE TIRINHAS

Meus desenhos estão sendo publicados agora em:
https://www.facebook.com/Jadieltirinhasdele

Olha lá!

domingo, 6 de outubro de 2013

Cavidades















Sugestão de trilha sonora: www.youtube.com/watch?v=Ebjji38EUnQ

Eis que o menino se viu apaixonado por aquele aroma naturalmente suave e adocicado dos sovacos da menina. Uns sovacos carnudos e macios. Quando não depilados, finos fios lhe sorriam, à pele branquinha da moça. Lindas axilas!

O menino se encontrava com a menina depois da faculdade, com o pretexto de ver os sovacos. Isso é, quando tinha a sorte de ela usar blusas sem mangas. Nos abraços de encontro e de despedida, o rapaz aproveitava pra dar aquela fungadinha, timidamente, no ombro da garota. Delírio. Olor de dar inveja às revendedoras de cosméticos e ao melhor desodorante.

Tomado por impulsos maiores, às vezes declarava “te quero”, no canto do braço da moça, mesmo sabendo que sovacos não escutam. Vivia assim seu poliamor com as duas belas axilas.

Num final de tarde, combinaram de se encontrar depois do racha, na quadra. A menina chegou antes e viu o garoto jogar bola. Exímio perna-de-pau, só foi chamar atenção por estar sem camisa – mas apenas por um detalhe: a garota flertara seu umbigo, que se contorcia malemolente na barriga do rapaz, nas divididas de bola e no movimento dos chutes.

A situação para a moça era mais complicada. Que queixo arranjaria para chegar ao seu amado, trocar-lhe um carinho? Nos dias seguintes, a menina não parava de pensar no buraquinho umbilical – enjilhado e redondinho que lhe fintou o olhar desde a negra pele do menino. Não havia igual, nenhum outro parto havia sido capaz de imitar a simplicidade e ternura da tal cicatriz.

Ambas as vontades, a do garoto e a da menina, foram crescendo em demasia. Um dia tão graúdas que foi inevitável, os desejos já eram inesquiváveis. Foi logo na segunda, de tardezinha. A menina foi a primeira a revelar a singularidade de sua preferência. Não menos envergonhado, o garoto também contou sua esquisita paixão, que já levava algum tempo. Chegando a noite, seguiram para o apartamento da garota. Sem demoras nem resistências, arrancaram as camisas, degustando enfim, num amor metonímico, aqueles cheiros, texturas, pelos e sabores dos sovacos e umbigo.

E a partir daí se encontravam religiosamente, aliás, dionisiacamente. Houve então um fim de semana em que, enquanto já quase dormiam depois do peculiar amasso, de fino acaso, o sovaco esquerdo da menina se encontrou com o umbigo do rapaz. E que mágico: cavidades que não podiam se comunicar, senão pelo tato, faziam como se os sentidos daquelas partes indivíduas se transfigurassem, trocassem gracejos!

As partes agora se gostavam. E de uma forma que menino e menina, percebendo-as, invejavam aquele gozo. Receosos com a estranha prosopopeia, passaram alguns dias sem se falar. Mas umbigo e sovacos continuaram a se querer.

A paixão dos jovens também não morreu – tanto que, ao longo da semana, o menino não mais prestava atenção na aula; já a menina levava uns carões da chefa durante o estágio. Foi tanto que resolveram quebrar o gelo. Mesmo o gelo sendo a fobia de se acharem patéticos em seus desejos; o medo de suas loucuras. Marcaram por telefone de se ver no feriado.

Quando a moça chegou na calçada, o garoto já lhe esperava, sentado no batente da porta de casa. Levantou-se. À meia distância, os olhos da menina miraram nos olhos do menino. Sérios, encarando-se.

_Tenho ciúmes do seus sovacos.
_Eu também, do seu umbigo – revelaram as bocas para os ouvidos.

Sorrisos pausaram a conversa.

_Mas que adianta? – continuaram as sobrancelhas, relaxando. A mão direita do menino foi na bochecha esquerda e corada da moça. Os braços abraçaram. Chamou-a para entrar. Quarto adentro, na cama, mataram as saudades e deixaram o umbigo tocar os sovacos. Depois entrelaçaram as coxas, nariz no seio, costelas nas costas, bocas e mãos iam onde se gostavam e queriam. Cada fluido, cada cor, cada gosto tão estranho. Por haver de ser: cada parte tão bonita! Os dois se abraçaram. Não era mais pretexto, nem gume. Poligamia. O fim era o meio, no sentido de poesia. Era orgia de si mesmos. Se atracaram por inteiro.

_____

Jadiel Lima, Maranguape-CE.
Suvacos, inspiração e co-autoria: Maiara Teles.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Alilás


Adoro a palavra "aliás". Eu a aprendi com a minha irmã. Ela me ensinou umas coisas. Aliás é uma palavra lilás, que nem fica o meio do céu nos pores-de-sol em Icapuí. Eu sempre lembro. Aliás - o nome da minha irmã é A Livre.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

EU E TU

à Maiara Teles

Eu queria ter um presente
que combinasse com seu laço
ajuntasse corpo e mente
algo como aquele abraço

Meu coração silencia
É pra ouvir o seu cantar
Tu vai sendo a minha brisa
E me chama pra voar

Eu te ponho no cangote
Tu segura minha mão
Eu vou sendo a tua sorte
você minha gratidão

Mas se vem o medo de nós dois
De eu e tu sermos vazios
Desafiamos essa dor
Brincando loucos no anil

Não te esqueças, minha linda
Eu senti, teu corpo tem
Teu corpo tem um calor febril
Pra aquecer o mundo frio


Jadiel Lima

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Momento

Antes que acordei
a gente nem existia

E no sonho, lá no sonho
n'era noite n'era dia

Uma vez a memória me dizia
que o que veio do que era
ao que chegou,
Não era mais nem chegou ainda

Ai de mim do que se basta
o que se basta envelhece e morde
não por sabor ou pra nutrir
Ai do que se basta inclusive nesta frase

No momento em que acordo
n'avia antes nem depois
Só o susto de eu e você do meu lado

E o big-bang anunciado:

Não há stop
nem partida
apenas o papoco da existência:
vida


Jadiel Lima, na manhã do dia seguinte do seu aniversário

domingo, 4 de agosto de 2013

Trampolim

Eu não sou homem
Nem sou mulher
Eu não sou bi
Nem travesti
Eu não sou gay
Sou o que minto
e o que também não sei

Eu não sou gari
Nem urologista
Não sou juiz
Nem jornalista
Não posso
e nem quero
Confortar o meu ponto de vista

A grande liberdade de ser
É a grande liberdade de não ser

Não sou do mau
E nem sou bonzim
Eu sou da lama
E do jardim
Onívoro, o fungo
O fruto, a carne
E o capim

Eu sou qualquer pessoa
Mas eu não sou uma pessoa qualquer
Uma pessoa sem sentido, sem libido, sem futuro
Como ninguém é

Eu sou qualquer pessoa
Mas eu não sou uma pessoa qualquer
Não vivo em um só lugar e nem sou bipolar,
Sou transpolar, um trampolim de mim

Eu sou qualquer pessoa
Mas eu não sou uma pessoa qualquer
Eu sou como qualquer um que ainda não entendeu
Que não é o tamanho do deus
É a fé


_____________________________

CIFRA

Intro: D D7M

     D          
Eu não sou homem
Nem sou mulher
     Em
Eu não sou bi
Nem travesti
      G
Eu não sou gay
Sou o que minto
                    D
e o que também não sei

     D
Eu não sou gari
Nem urologista
         Em
Não sou juiz
Nem jornalista
        G
Não posso
e nem quero
                               D
Confortar o meu ponto de vista

     Em
A grande liberdade de ser
       G                                   D
É a grande liberdade de não ser

D  D7M

      D
Eu não sou do mau
E nem sou bonzim
      Em
Eu sou da lama
E do jardim
     G
Onívoro, o fungo
O fruto, a carne
     D
E o capim


     Em
A grande liberdade de ser
       G                                   D
É a grande liberdade de não ser
D  D7M
     Em
A grande liberdade de ser
       G                                   D
É a grande liberdade de não ser

D  D7M

                   D
Eu sou qualquer pessoa
                                      Em
Mas eu não sou uma pessoa qualquer
                                 G
Uma pessoa sem sentido, sem libido, sem futuro
            D
Como ninguém é

                  D
Eu sou qualquer pessoa
                                     Em
Mas eu não sou uma pessoa qualquer
                                 G
Não vivo em um só lugar e nem sou bipolar,
        Em                                       D
Sou transpolar, um trampolim de mim

D  D7M  D  D7M
                   D
Eu sou qualquer pessoa
                                      Em
Mas eu não sou uma pessoa qualquer
                                 G
Uma pessoa sem sentido, sem libido, sem futuro
            D
Como ninguém é

                   D
Eu sou qualquer pessoa
                                     Em
Mas eu não sou uma pessoa qualquer
                                    G
Eu sou como qualquer um que ainda não entendeu
              Em
Que não é o tamanho do deus
              G
Que não é o tamanho do deus
D
É a fé

D7M   D  D7M

     Em
A grande liberdade de ser
       G                                   D
É a grande liberdade de não ser
D  D7M
     Em
A grande liberdade de ser
       G                                   D
É a grande liberdade de não ser








O AVANÇO DA MARÉ

Avança maré
avança maré
avança maré
descansa

Avança maré
avança maré
recolhe pa descansar

Na corda bamba universal
meu ser na bruma não vacila
no próprio fio que vou tecendo
de areia, espuma, água e sal
meu ser oscila, meu bem
oscila...


Avança maré
avança maré
avança maré
descansa

Avança maré
avança maré

recolhe pa descansar

Levi subiu a serra
quando desceu em avisou
que a terra não rejeita 
um corpo estranho
ou ela o nutre
ou dele se alimenta

domingo, 28 de julho de 2013

EU NÃO ME SINTO NATURAL

Ah, eu não me sinto natural
os meus olhos parecem querer ver
a gesticulação da minha boca

Ah, eu não me sinto natural
quando ando na rua, tropeço
em cada mirada fatal

Há, há quem diga que o amor
quando foi
já não volta atrás
Como a infância
que a gente se esquece
e acredita perder

Marionete,
Monete se foi
com as outras
Mas, filha, não dá pra esconder
o descompasso da razão
o que o corpo não pode conter

O olhar condenador
de quem coordena
O olhar coordenador
de quem condena
o olhar condenado

A AUTO-CENSURA DA CRIATIVIDADE

A auto-censura na Comunicação Social acontece desde a faculdade (ou antes), quando nem nos encontramos dentro do mercado de trabalho, mas nos construímos reféns dele.

E não falo nem da grade universitária obrigatória, o conhecimento técnico preparatório para a atuação nos empregos.

É que na universidade, lugar que poderia ser um espaço de experimentação - e quando ela mesma não nos toma o tempo livre com trabalhos e IRA (índice de rendimento acadêmico) - adaptamos nosso pensamento, nossa criatividade e nossa arte para ostentar a cultura de plástico que tanto aprendemos a criticar sem combater.

Como nós, da classe média (sou pobre, mas digo 'nós' pelo espaço de convívio), não podemos nos equiparar à mentalidade "alienada, sem criticidade e facilmente dominada da massa", acreditamos possuir o dom da escolha absolutamente lúcida.

Vivemos cada qual com as nossas próprias preferências e livre-arbítrios e estes não devem ser abalados para o eterno gozo de nossos egos: gosto, criatividade e entretenimento pautados segundo a mentalidade de shopping, de tecno sem logia, de universo sem incomodidade.

terça-feira, 28 de maio de 2013

Se cuida-me



"Eu vi um homem na rua
cantando com sua voz
embargada de pigarro
com sua língua rota e nua

-Desde o tempo em que nasci
Logo aprendi algo assim:
Cuidar do outro é cuidar de mim
Cuidar do outro é cuidar de mim
Cuidar de mim é cuidar do mundo
Cuidar de mim é cuidar do mundo"

Ray Lima.

domingo, 26 de maio de 2013

CREPOM

versinho à Marina Med e Luiza Veras

Estou deixando você de molho
Dentro do meu coração
Pra pintar uma aquarela
De sua cor-inspiração

sexta-feira, 5 de abril de 2013

FRESCURA

Massinha que eu fiz : )
Letra e melodia de Jadiel Lima (com participação de Levi Lima na letra)

Você é o sol se pondo
você é flor
eu era o marimbondo

Fiquei zanzando tua frescura
tua canção/tua loucura
frescor de flor

Você quer por os pés na Lua
correr o mundo/correr a rua
e faz seus planos

Enquanto pra mim
o teu cabelo
Já era o oceano

O nosso era poesia
bateu asas e voou
quando volta?
aonde foi?
será que alguém achou?

Será que eu não sou mais louco?
E que então se secou
o meu chão que tantas vezes
sem querer, você regou

O nosso amor era a poesia
que a gente fez e dedidou
pra quem não joga e se enrola
no verso mais simples que for

sexta-feira, 22 de março de 2013

segunda-feira, 18 de março de 2013

domingo, 17 de março de 2013

FRASES SOLTAS

À Alivre Lima

A estética estática nos proíbe de rebolar

Você diz não conhecer o teu nome e essa não é a terceira vez

A largura do caminho que preciso é menor que a do meu pé

Ai, o que eu digo não diz nada com nada
Finjo que não ligo pro que vão dizer
Mas, na verdade, o que eu quero é que você se diga
e então, qual é o teu prazer

Comece a pensar com o corpo e rebolar com o cérebro

Quem não peida arrota
Tudo é caminho
só muda a rota


Jadiel Lima.

Áudio no Soundcloud

cegonha/urubu


Acho que fiz essa no começo de 2012 ou final de 2011. Tô achando coisas na papelada e vetorizando.

Cinema

Nos momentos de penumbra
eu olhava para trás
para ver se ela estava.
Mas Clara não tinha vindo

no cinema estava escuro
e eu passei a noite em claro

Jadiel Lima, 27 de janeiro de 2013.

sábado, 16 de março de 2013

sexta-feira, 15 de março de 2013

Intermitente

"V‎ocê vai, desiludo, des i lúvio
-O mar morto da lágrima afluente

Você volta, eu sorrio, volta o fluxo

Eu sou rio
intermitente"

Jadiel Lima para Thalita Moura, em 13/03/2012.

Encontrei vasculhando papéis aqui em casa. 1 ano dessa poesia.

domingo, 10 de março de 2013

Super-Namaris

Homenagem à colega Ana Maria, sempre sorridente e disposta a ajudar os amigos = )


quinta-feira, 7 de março de 2013

.

quem não peida arrota.

Jadiel Lima

domingo, 3 de março de 2013

Enquadrado

A tirinha à seguir é uma experimentação de Cláudio Lucas, estudante de Jornalismo, e eu sobre diversidade sexual. A indicação é adulta (+18). Por isso coloquei em link. Só acesse se for maior de idade.

https://fbcdn-sphotos-a-a.akamaihd.net/hphotos-ak-prn1/542737_421170587976714_1734666081_n.jpg

TOCHA


sábado, 2 de março de 2013

domingo, 3 de fevereiro de 2013

(JUNG LIFE)

Eles não querem me ver
Eles não querem falar comigo
Será que o lado que você ignora
não é onde mora o perigo?

Eles não querem me ver
Passam por cima, acham que eu não ligo
Já não tá tarde pra ficar pensando
Que existe algum inimigo?

Quero viajar pra longe,
quero sair desse mundo
É tão difícil crer
Que não há nada lá

Menino, não tenha medo
de ouvir seu sonho
É uma linda história
que ele quer contar

Jadiel Lima. 3 do 1 de 2013

Áudio no Soundcloud

domingo, 13 de janeiro de 2013

Pintura

A tinta do seu cabelo
que desbotava no pescoço
pingou sobre meu dorso
e tingiu meu cerebelo

De cabeça para baixo
um verso alegre tateio
meu ser se desequilibra
pensando tudo em vermelho

domingo, 6 de janeiro de 2013

NIGHTMARI

A minha carência beijou a sua
paixão mortífera
da carne crua

Dualismo, silogismo, a velha xarada
E os meus olhos tristes
sem dizer-te nada

Medo do tudo
aonde foi a boa fantasia?

Medo da entrega
promessa vazia...

Despertemos!
A nossa loucura não pode ser fria!
Despertemos!
Nightmari
os olhos da noite
os olhos do mar


Jadiel Lima.