domingo, 28 de julho de 2013

EU NÃO ME SINTO NATURAL

Ah, eu não me sinto natural
os meus olhos parecem querer ver
a gesticulação da minha boca

Ah, eu não me sinto natural
quando ando na rua, tropeço
em cada mirada fatal

Há, há quem diga que o amor
quando foi
já não volta atrás
Como a infância
que a gente se esquece
e acredita perder

Marionete,
Monete se foi
com as outras
Mas, filha, não dá pra esconder
o descompasso da razão
o que o corpo não pode conter

O olhar condenador
de quem coordena
O olhar coordenador
de quem condena
o olhar condenado

A AUTO-CENSURA DA CRIATIVIDADE

A auto-censura na Comunicação Social acontece desde a faculdade (ou antes), quando nem nos encontramos dentro do mercado de trabalho, mas nos construímos reféns dele.

E não falo nem da grade universitária obrigatória, o conhecimento técnico preparatório para a atuação nos empregos.

É que na universidade, lugar que poderia ser um espaço de experimentação - e quando ela mesma não nos toma o tempo livre com trabalhos e IRA (índice de rendimento acadêmico) - adaptamos nosso pensamento, nossa criatividade e nossa arte para ostentar a cultura de plástico que tanto aprendemos a criticar sem combater.

Como nós, da classe média (sou pobre, mas digo 'nós' pelo espaço de convívio), não podemos nos equiparar à mentalidade "alienada, sem criticidade e facilmente dominada da massa", acreditamos possuir o dom da escolha absolutamente lúcida.

Vivemos cada qual com as nossas próprias preferências e livre-arbítrios e estes não devem ser abalados para o eterno gozo de nossos egos: gosto, criatividade e entretenimento pautados segundo a mentalidade de shopping, de tecno sem logia, de universo sem incomodidade.