sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

O metro e meio entre nós caminhando na areia
só não é mais distante que os 40 minutos atrás quando nos amávamos,
só não é mais distante que qualquer graça minha do teu sorriso
Quantas ondas eu posso quebrar?
Elas parecem não ter fim
Vou sendo derrotado onda após onda até que o mar me engula,
me jogue nas pedras ou me cuspa pra fora
O mar nos exausta
mas a mágoa não sai
Afogo gritos
"Você veio pra ser perdoado ou pra se aceitar?"
Sou eu quem pergunto
Porque o mar mesmo não me diz nada
Nem o seu grave murmúrio adentra a cabeça enlouquecida
Se não se diz a quem não quer ouvir
tampouco se ouve de quem não quer dizer
Os segundos da agonia sem resposta
me fazem crer na eternidade:
ao olhar pra ti
ao chamar teu nome
ao pé querendo alcançar o chão
Do longe que estou de estar próximo
só me alcança uma frase qualquer
de falsa preocupação
me pedindo pra ficar

A carcaça flutua
e eu me salvo

(fev. 6)

https://www.youtube.com/watch?v=5MbDJeL5JFM

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Pra falar coisas de amor

Pra falar coisas de amor,
cochicha no meu ouvido
Não deixe jogado no vento
como se eu só valesse um ruído
Minha nuca não relaxa sempre
E o colo é bom, na verdade,
quando menos conveniente
Pega na minha mão,
(vez em quando)
se tu quiser ir de mãos dadas
Mas se não fizer questão
Deixa eu ir pegar estrada
O meu ônibus acaba às onze
Meu olhar fica distante
porque eu de mim inda tô longe
E se o eu que sou agora
não é qualquer eu desse passado
Eu não posso melhorar
Eu posso apenas ser eu
Outro eu
Noutro lugar

(jan. 27)